A aliança do sionismo com a barbárie está sob forte pressão internacional. As democracias liberais europeias, acuados pelas manifestações de solidariedade e protesto da sociedade civil, não podem mais ignorar a tragédia que se abate sobre Gaza.
Política e Comunicação Setembro 29, 2025
Por:
José Augusto Camargo
A aliança do sionismo com a barbárie está sob forte pressão internacional. A situação indica que entramos para uma fase onde as democracias liberais europeias, acuados pelas manifestações de solidariedade e protesto da sociedade civil, não podem mais ignorar a tragédia que se abate sobre Gaza sob pena da sua elite política perder o capital eleitoral já bastante ameaçado pela insatisfação dos eleitores. Pressionados por uma direita cada vez mais radical, as nações desenvolvidas agora se veem obrigados a uma tomada de posição frente ao caos, dai o reconhecimento tardio pela França – berço da revolução liberal burguesa – e também da Bélgica, Andorra, Luxemburgo, Malta e Mônaco do estado Palestino, unindo-se a mais de 150 países que já o fizeram.
Certamente o trabalho desenvolvido pela Global Sumud Flotilha em levar ajuda humanitária a Gaza em dezenas de embarcações e furar o bloqueio imposto por Israel contribui em muito para esta situação. A causa do povo palestino tem para nós o mesmo alcance simbólico que a Guerra Civil Espanhola teve para nossos avós. Assim como ontem, hoje estamos em um movimento global pela defesa da democracia e contra o fascismo, mobilização que conta com fervoroso apoio civil e, até agora, uma tímida ajuda oficial dos Estados. O paralelismo entre estes momentos históricos também encontra eco quando percebemos que a Liga das Nações, criada pelo Tratado de Versalhes após a I Guerra Mundial com o objetivo de promover a paz, fracassou e não conseguiu evitar a eclosão da II Guerra Mundial. Neste século a Organização das Nações Unidas – ONU, entidade que substituiu a Liga, também vem se mostrando incapaz de resolver os conflitos armados existentes no planeta, que vão muito além de Gaza e da Ucrânia, assustando alguns analistas que temem por um conflito de escala geral, inclusive com uso de armamento nuclear..
Uma vez que a história se repete como farsa estamos testemunhando a distorção de conceitos por parte de um povo (que para horror dos justos fora outrora imolado em holocausto) que tenta sacrificar outro grupo populacional – incomparavelmente mais vulnerável – pelo fogo de suas modernas armas de guerra. O genocídio perpetrado em Gaza dá continuidade por vias ainda mais tortas a uma ideologia racial e colonialista que preconiza que um grupo supostamente superior (ou escolhido por Deus) tem direito a uma parcela maior de terra para usufruto próprio que aquela destinada aos seus vizinhos tidos como inferiores.
Quando o sionismo é analisado sob esta perspectiva fica claro o seu caráter fascistizante que acorrenta o Estado judeu em uma lógica de violência que impede a construção da paz e a autodeterminação de povos de culturas árabe que, para o bem e para o mal, tem suas origens étnicas e históricas em um mesmo espaço geográfico. Desta forma se torna imperioso eliminar a “banalização do mal” e a nefasta “razão de estado” que o sionismo impôs, desde sua fundação, ao Estado de Israel para assim construir a via do multilateralismo, da convivência duradoura, justa e pacífica com os povos do seu entorno. Os democratas judeus tem a missão de se libertar da ideologia sionista que os enclausurara, enquanto aos demais povos cabe refundar a ONU para que ela se torne efetivamente um instrumento de governança global e civilizatório.