O assédio político sexual na esfera governamental

A denúncia de assédio sexual contra Sílvio Almeida que ocupava o cargo de ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) envolvendo Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial sacudiu o país. O episódio, obviamente, trás consequências ao governo Lula. (fotos Agência Brasil: Sílvio Almeida, Lula Marques e Anielle Franco, Rafa Neddermeyer).

 Política e Comunicação   Setembro 8, 2024

O assédio político sexual na esfera governamental

Por:

mdo José Augusto Camargo

A denúncia de assédio sexual contra Sílvio Almeida que ocupava o cargo de ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) envolvendo Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial apresentadas pela representação local do movimento Me Too, criado nos EUA, sacudiu o país. Do ponto de vista exclusivamente formal, ignorando qualquer conteúdo político ou análise social mais ampla, o caso pode ser visto basicamente sob dois prismas: a) uma relação de cunho machista entre um homem e uma mulher ou b) um problema envolvendo divergências pessoais ou grupais que descambam em sérias acusações, verdadeiras ou não.

Se trataria de um episódio machista típico, mas infelizmente corriqueiro, onde um homem assedia uma mulher ou um caso envolvendo intrigas palacianas onde um grupo se alia a outro para manipular uma situação com o objetivo de excluir um deles do espaço de poder? Mas de imediato a situação já suscita uma leitura mais complexa pois envolve uma possível conotação racista – com a cumplicidade de movimentos com ligações internacionais – visando a demissão do único ministro negro do atual governo. Óbvio que para isto seria preciso a cumplicidade de uma ativista negra agindo para prejudicar seu próprio grupo racial, o que pode dificultar a manobra mas não a torna impossível.

De qualquer forma, estamos, até aqui, tratando a situação de forma abstrata, o fato concreto é que independentemente de quem tem razão, são integrantes da administração Lula, governo que se encontra sob a mira das forças conservadoras e de seus aliados na imprensa tradicional. Portanto, o caso ultrapassa questões éticas, raciais ou relações particulares e se reveste de uma aura política que será amplamente explorada na esfera pública, o que torna a denúncia muito mais tóxica, sensacionalista, faz dela objeto de manipulação eleitoral e combustível ideológico para a direita e seus falsos moralistas de plantão, até por que novas denúncias surgem.

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